domingo, 8 de outubro de 2023

O medo da morte é o medo do novo

O medo da morte é o medo do novo, do desconhecido, não da morte mesma, pois dela não se sabe nada, a possibilidade de haver dor no processo, por exemplo,  não é ela ainda. Ela é o que absolutamente não se sabe. E é isso que possivelmente traz um temor muito forte. (O amor novo traz medo). Em priscas eras, o novo era basicamente a chegada mortífera do predador, e esse medo primevo pode estar impresso em nós de algum modo. Mas se for assim mesmo, um meio de diminuir essa angústia será fazer coisas novas e alegres, e gostosas, e não doloridas, para ressignificar o novo como algo bom (será que os reacionários, que não aceitam o novo, temem  também a morte?). Então talvez seja por isso  que viajar seja tão bom, que tomar susto de brincadeira cause um estranho alívio. E se tudo isso for verdade, fazer de vez em quando algo bem diferente pode diminuir o medo da morte, por exemplo, ir rastejando da sala para a cozinha, fazer caretas exageradas no espelho, levantar as mãos de repente enquanto andamos na rua (ninguém liga tanto), ouvir música de vanguarda. E assim, quem sabe, esse medo chato diminuirá. O medo do novo.

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