Nenhuma língua terá algum dia uma escrita totalmente fonética ou organizada logicamente, mas como penso que nós brasileiros temos um problema sério com o uso de nossa língua materna, e isso vale tanto para os que não sabem tanto, quanto para os que sabem bastante - basta ver como em reuniões a tarefa de escrever a ata passa de mão em mão como uma batata quente, ou melhor, fervente - creio que dois esforços precisam ser levados a efeito para melhorar essa paúra nacional: 1- Flexibilizar a norma culta para acolher os modos brasileiros de expressão, e 2- Avançar no sentido de simplificar e/ou tornar mais lógica a escrita do português.
Vou me ater aqui ao segundo esforço. O acordo ortográfico vai nesse sentido. Uma mesma escrita para todos os falantes do Português no mundo inteiro é uma boa pedida. "Fato" continua significando "terno" lá em Portugal, mas a maneira de se grafar qualquer palavra tenderá a ser uniforme em todo o mundo lusofônico.
E uma das boas medidas desse acordo foi acabar (ou quase) com as consoantes mudas (existiam sem serem pronunciadas).
Mas terminaram com o trema e muita gente não gostou disso. Eu quero propor aqui uma solução radical para a falta do trema: a eliminação das vogais mudas. Isso mesmo. Se as consoantes mudas caíram, por que não fazer o mesmo com as suas congêneres vogais?
Assim teríamos uma solução boa para a falta do trema. "Linguiça teria a pronúncia do u". Já "quero" seria substituído por "qero". Ou seja, se a vogal aparece na palavra, ela tem que ser pronunciada.
O único ajuste adicional (mas que será percebido certamente como um pouco estranho) será reservar para a letra j o som "jjjjjjjj", e para a letra g o som "gue". Assim, "guerra" passará a ser grafada como "gerra" (o som jjjjj será exclusivo da letra j, lembram-se?); e "gente" será grafada como "jente".
Qe tal?