Humberto
Cosentine
Nós temos a música,
vocês têm a guerra,
Quando nos reunimos com
nossos amigos argentinos,
cantamos juntos canções
das duas culturas e ficamos felizes.
Por que então desejamos a
morte deles,
ao jogarmos futebol com
eles?
Vocês têm a guerra,
nós temos a música.
Odiamos os norte-americanos
pela submissão que impõem a
muitos povos,
mas amamos profundamente
Elvis, Bob Dylan, Michel
Jackson e tantos novos.
Nós temos a música,
vocês têm a guerra.
Nos entusiasmamos com a
beleza alegre e vital
das músicas fortemente percussivas dos africanos,
das músicas fortemente percussivas dos africanos,
no entanto, a todo
instante, no mundo inteiro, eles são relegados a um
plano inferior,
somente pela cor de sua
pele.
Vocês têm a guerra,
nós temos a música.
Ninguém gosta da
arrogância dos europeus,
e de como colonizaram o
mundo inteiro,
isso sem falar das suas
recentes tentativas de destruir o gênero humano.
Todavia, como nos beneficiamos
da beleza infindável e profunda da música clássica!
Nós temos a música,
vocês têm a guerra.
Precisamos muito de todas
as vertentes da música dos povos orientais
para desenvolvermos
meditação, harmonia, serenidade e até iluminação.
Por outro lado, assusta
ver como eles parecem ser capazes de sugar friamente,
até a exaustão,
até a exaustão,
todos os recursos do resto
do Planeta, para garantirem sua própria sobrevivência.
Vocês têm a guerra,
nós temos a música.
Vemos os povos primitivos
de qualquer parte como um peso para a humanidade
e agimos no sentido de
simplesmente eliminá-los,
porém, seus cantos sutis e
hipnotizantes,
sempre acompanhados de
movimentos sincrônicos que valorizam o coletivo
e a natureza,
e a natureza,
auxiliam- nos a aceitar
nossa condição de seres sociais e nossa ligação íntima
com a Terra.
com a Terra.
Nós temos a música.
Mas quem são vocês?