Tem uma parte do fascismo que não é notada, nem comentada, e é importante por parecer bonitinha. Em filmes da época do fascismo italiano ela é muito presente. Trata-se de uma convivência muito gostosa e divertida entre pessoas ricas e o povo pobre. Tudo é muito bom, harmonioso e passa uma ideia de que não há nada errado na forte desigualdade. A Sophia Loren fazia muito esse papel de uma pessoa pobre e bela (em filmes de entretenimento), que se relacionava de igual para igual, agradavelmente, com os mais ricos, e vice-versa. Essas imagens são fundamentais para passar a ideia de que a violência se justifica se alguém atentar contra esse paraíso absoluto formado pela classe alta e a classe baixa irmanadas, felizes e perfeitamente separadas.
terça-feira, 3 de outubro de 2023
Realização, felicidade e alienação
Eu sempre digo, a realização pessoal pode ser pequena, pequena e justa. E não tem nada a ver com superar os outros. É por isso que há médicos infelizes e operários felizes. A realização pessoal diz respeito a utilizar bastante nossas principais competências no sentido de sermos úteis e benéficos a nós mesmos e à coletividade. E é uma das bases principais da felicidade. Mas ensina-se intensa e constantemente que só nos sentiremos realizados (e felizes) se vencermos muitos outros. Artistas e esportistas são muito importantes, mas a sociedade os usa para difundir que só os que se destacam é que têm valor.
Como interromper essa insanidade?
Ah, faltou falar. Realização até pode acontecer com baixa remuneração. Felicidade também. Mas é melhor com justiça.