domingo, 30 de outubro de 2011

A leitura de poemas melhora sua expressão verbal




Ler poemas é o melhor que você pode fazer para aperfeiçoar sua expressão escrita ou falada.  Mas ler da maneira mais livre possível.  Nada de se obrigar a terminar a leitura de um poema que é muito difícil ou “chato”.  Não, leia apenas o que quiser,  o que lhe parecer interessante ou bonito:  o começo do poema, o final, apenas um verso, o título ou  uma expressão lá no meio que lhe chame a atenção por qualquer motivo.  Não leve muito em conta  indicações do tipo “este poema é obrigatório” ou, “é o melhor exemplo da escola literária x”.  Sem essa! O objetivo não será estudar poesia.  Guie-se apenas pelo que lhe despertar beleza ou lhe parecer muito significativo (no sentido simples de ter muito significado). E, para tanto, “navegue” à solta por todos os poemas que encontrar,  famosos ou não. Se um poema lhe surgir como repleto de destaques interessantes, aí sim você poderá lê-lo por inteiro.  Mas, no mais das vezes, faça a busca livre que proponho.

Por que fazer isso melhora a capacidade de escrever ou falar? 

Porque os poetas são exímios criadores de expressões verbais com alta densidade informacional (expressam muito com pouco), simplicidade e beleza. Três importantes qualidades da boa expressão verbal.  Pois bem,  ao selecionar pedacinhos dos poemas, é quase certo que você  estará tendo contato com bons exemplos da escrita que traz as características apontadas acima e, muito importante, que são do seu agrado, por isso esses seus achados  tenderão a, por afinidade e qualidade,  fazer parte da “caixinha de ferramentas” de sua própria expressão verbal e aumentar eficazmente sua capacidade de escrever e falar bem.  Bem: necessário, simples e bonito.  



sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Cem poemas bonitos do Brasil



10- A valsa

                                        Casimiro de Abreu

Tu, ontem,
Na dança
Que cansa,
Voavas
Co'as faces
Em rosas
Formosas
De vivo,
Lascivo
Carmim;
Na valsa
Tão falsa,
Corrias,
Fugias,
Ardente,
Contente,
Tranqüila,
Serena,
Sem pena
De mim!

Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
— Não negues,
Não mintas...
— Eu vi!...

Valsavas:
— Teus belos
Cabelos,
Já soltos,
Revoltos, 
Saltavam,
Voavam,
Brincavam
No colo
Que é meu;
E os olhos
Escuros
Tão puros,
Os olhos
Perjuros
Volvias,
Tremias,
Sorrias,
P'ra outro
Não eu!

Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
— Não negues,
Não mintas...
— Eu vi!...

Meu Deus!
Eras bela
Donzela,
Valsando,
Sorrindo,
Fugindo,
Qual silfo
Risonho
Que em sonho
Nos vem!
Mas esse
Sorriso
Tão liso
Que tinhas
Nos lábios
De rosa,
Formosa,
Tu davas,
Mandavas
A quem ?!

Quem dera
Que sintas
As dores
De arnores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
— Não negues,
Não mintas,..
— Eu vi!...

Calado,
Sozinho,
Mesquinho,
Em zelos
Ardendo,
Eu vi-te
Correndo
Tão falsa
Na valsa
Veloz!
Eu triste
Vi tudo!

Mas mudo
Não tive
Nas galas
Das salas,
Nem falas,
Nem cantos,
Nem prantos,
Nem voz!

Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!

Quem dera
Que sintas!...
— Não negues
Não mintas...
— Eu vi!

Na valsa
Cansaste;
Ficaste
Prostrada,
Turbada!
Pensavas,
Cismavas,
E estavas
Tão pálida
Então;
Qual pálida
Rosa
Mimosa
No vale
Do vento
Cruento
Batida,
Caída
Sem vida.
No chão!

Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
— Não negues,
Não mintas...
Eu vi!

domingo, 23 de outubro de 2011

Cem poemas bonitos do Brasil






        9-  Homem-Woman                              Décio Pignatari  


         

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Cem poemas bonitos do Brasil







8- Profundamente
                                                                                        Manuel Bandeira

Quando ontem adormeci
Na noite de São João
Havia alegria e rumor
Estrondos de bombas luzes de Bengala
Vozes, cantigas e risos
Ao pé das fogueiras acesas.

No meio da noite despertei
Não ouvi mais vozes nem risos
Apenas balões
Passavam, errantes

Silenciosamente
Apenas de vez em quando
O ruído de um bonde
Cortava o silêncio
Como um túnel.
Onde estavam os que há pouco
Dançavam
Cantavam
E riam
Ao pé das fogueiras acesas?

— Estavam todos dormindo
Estavam todos deitados
Dormindo
Profundamente.
*
Quando eu tinha seis anos
Não pude ver o fim da festa de São João
Porque adormeci

Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo
Minha avó
Meu avô
Totônio Rodrigues
Tomásia
Rosa
Onde estão todos eles?

— Estão todos dormindo
Estão todos deitados
Dormindo
Profundamente.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

4- Que palavra é esta?


Argumentação que conclui contrariamente ao que propôs inicialmente.

a)      evasão
b)      paradoxo
c)      consagração
d)      contrariar
e)      negligência  

domingo, 2 de outubro de 2011

As que valem mais.



As pessoas comuns são as mais importantes.


Basta pensar que, sem elas, as maravilhas que a humanidade produz não poderiam existir, pois não haveria a força necessária para isso, nem para retroalimentar isso.  


Se não houvesse os destaques (celebridades), as pessoas comuns tocariam a vida mesmo sem brilhantismos, talvez com menos possibilidades (talvez com menos destruição do planeta), mas tocariam.


E é por isso que a educação básica é tão valiosa:  ela lapida justamente as pessoas mais importantes, as comuns, nós.


Porém, o melhor dos mundos não seria o mundo modesto das pessoas comuns sem os destaques.  O mundo mais rico e humano será o que considerar as pessoas comuns como as mais importantes e, ao mesmo tempo, tratar carinhosamente seus destaques, desde a educação básica,  para que estes não sintam o impulso de se afastar de (ou mesmo negar) a sua condição de pessoas comuns. Desse modo, sentindo-se aceitos,  continuariam realizando suas grandes obras , só que agora mais voltados para o bem de todos. Nós todos (incluindo eles, os destaques).