Tenho a
impressão de que se pararmos de utilizar o termo presencial para distinguirmos
as aulas em que as pessoas estão presentes, em relação às que ocorrem via computador, e
passarmos a distingui-las não pela presença física, mas pelo que as caracteriza
funcionalmente, que é a grande possibilidade de interação entre professores e alunos,
abriremos um novo horizonte para configurar formatos inovadores de cursos até
mesmo do nível fundamental. Porque, assim,
poderemos colocar praticamente na mesma classificação aulas convencionais com
aulas via computador, desde que estas permitam a mesma interação com o
professor - bastando para isso garantir que o evento seja ao vivo e que haja um
número de alunos igual ao que há na aula “presencial”. E com os status desses dois tipos de aulas
equiparados, haverá como pensarmos em cursos, mesmo fundamentais, com bastante
participação de aulas via computador.
Podemos
imaginar algumas boas vantagens advindas dessa mudança conceitual. Aulas via computador com a turma habitual
poderia quebrar a rotina e aumentar a motivação, ou simplesmente conseguir um
tipo de atenção que o aluno teria dificuldade de praticar estando junto com
seus colegas dentro da velha e boa sala de aula. Formatos novos como o
professor de plantão online para tirar dúvidas, mesmo com o aluno na escola,
poderão existir. Além disso, abre-se um
imenso campo de possibilidades de convênios entre escolas diversas. Por exemplo, parte das aulas de idiomas sendo
realizadas por escolas especializadas. Ou um centro online de professores
apoiando os alunos de escolas públicas ou particulares, principalmente aqueles
que querem aprender bastante e acabam prejudicados pelo ambiente escolar
físico.
Muito
importante é que com essa mudança conceitual será possível equiparar legalmente,
por terem a mesma interatividade, a aula de presença física e a aula virtual que
tenha o mesmo número de alunos, vale dizer, essas aulas virtuais poderão valer como
presença oficial e participar da composição de dias letivos oficiais.
A par disso,
outras atividades virtuais e presenciais serão igualmente classificadas de
acordo com seu nível de interatividade. Por exemplo, aula virtual ao vivo para
mil alunos será considerada uma aula com baixa interatividade, tanto quanto uma
aula magna, presencial, para a mesma quantidade de alunos ; no modo virtual, caso haja tutores
suficientes para permitir durante a aula a solução de dúvidas e outras
interações, o status será de uma aula de média interatividade. Aulas gravadas serão consideradas aulas sem
interatividade, ou de interatividade baixa/média, caso o curso ofereça uma
tutoria de plantão. E aulas particulares online serão consideradas de interatividade
total.
Talvez essa
mudança de critério venha a ser a tábua de salvação da aprendizagem da maioria
de nossos alunos, tanto no sistema público quanto no particular. Pensemos nisso
seriamente.