Esse assunto me
fascina, mas também entristece porque é muito difícil de resolver. No intuito de produzir algum esclarecimento
útil, vou tentar abordá-lo por um ângulo mais especificamente educacional, e não
pelo ângulo costumeiro que localiza sua crise como um interesse político
reacionário (desejo de manter as pessoas na ignorância para melhor controlá-las).
Há mais ou menos quarenta anos, a
escola (ótima para os oito alunos de cada classe que conseguiam se formar no
ginásio), na tentativa de ser menos repressora e excludente, procurou criar
técnicas que ensinassem mais a quem aprendia pouco, ou, o que é quase a mesma
coisa, que ensinassem a quem não queria aprender. Passado esse tempo, o saldo é o pior
possível, pois quem não quer aprender continua igual; e quem quer, sente-se como
que relegado a um injusto segundo plano.
Com isso, até mesmo esses últimos (com raríssimas exceções) ficam muito despreparados,
abaixo de seus respectivos potenciais.
Nesse ínterim e nesse sentido,
foram desenvolvidos e aplicados monstrengos teóricos como o “construtivismo”,
que basicamente coloca uma ênfase absurda na construção do conceito por parte
do aprendiz – aquele processo de aulas divertidas que termina com o aluno
dizendo “Entendi!” – mas que despreza completamente outras etapas fundamentais,
as quais envolvem treinamento, como a de ensinar o aluno a aplicar esses conceitos
e, a mais importante, de ensiná-lo a aplicá-los bem e em um tempo socialmente
hábil (não adianta o médico saber como é
a operação, ou precisar de 30 dias para fazê-la com qualidade, é necessário que a faça bem e em tempo
aceitável).
Enfim, estacionando os alunos na
fase do “Entendi!”, não permitimos que sua ação fosse enriquecida pelo “conhecimento” adquirido.
A solução: para ensinar os que
não querem aprender, ou que aprendem pouco, o caminho é levar em conta o que já
se sabe sobre as várias inteligências humanas, para assim procurar e ensinar
mais o que cada um quer mais aprender. E
ensinar completamente, vale dizer, passando por todas as etapas referidas aqui.
O ser humano é diverso, plural e precisa
de treinamento para integrar o conhecimento à sua realidade; portanto, que as
escolas sejam assim também. Escolas
multifacetadas e treinadoras.
Humberto Cosentine