domingo, 6 de janeiro de 2013

Escola

                                                                                                    
Esse assunto me fascina, mas também entristece porque é muito difícil de resolver.  No intuito de produzir algum esclarecimento útil, vou tentar abordá-lo por um ângulo mais especificamente educacional, e não pelo ângulo costumeiro que localiza sua crise como um interesse político reacionário (desejo de manter as pessoas na ignorância para melhor controlá-las).
Há mais ou menos quarenta anos, a escola (ótima para os oito alunos de cada classe que conseguiam se formar no ginásio), na tentativa de ser menos repressora e excludente, procurou criar técnicas que ensinassem mais a quem aprendia pouco, ou, o que é quase a mesma coisa, que ensinassem a quem não queria aprender.  Passado esse tempo, o saldo é o pior possível, pois quem não quer aprender continua igual; e quem quer, sente-se como que relegado a um injusto segundo plano.  Com isso, até mesmo esses últimos (com raríssimas exceções) ficam muito despreparados, abaixo de seus respectivos potenciais.

Nesse ínterim e nesse sentido, foram desenvolvidos e aplicados monstrengos teóricos como o “construtivismo”, que basicamente coloca uma ênfase absurda na construção do conceito por parte do aprendiz – aquele processo de aulas divertidas que termina com o aluno dizendo “Entendi!” –   mas que despreza completamente outras etapas fundamentais, as quais envolvem treinamento, como a de ensinar o aluno a aplicar esses conceitos e, a mais importante, de ensiná-lo a aplicá-los bem e em um tempo socialmente hábil  (não adianta o médico saber como é a operação, ou precisar de 30 dias para fazê-la com qualidade,  é necessário que a faça bem e em tempo aceitável).  

Enfim, estacionando os alunos na fase do “Entendi!”,  não permitimos que sua ação fosse enriquecida pelo “conhecimento” adquirido.

A solução: para ensinar os que não querem aprender, ou que aprendem pouco, o caminho é levar em conta o que já se sabe sobre as várias inteligências humanas, para assim procurar e ensinar mais o que cada um quer mais aprender.  E ensinar completamente, vale dizer, passando por todas as etapas referidas aqui.

O ser humano é diverso, plural e precisa de treinamento para integrar o conhecimento à sua realidade; portanto, que as escolas sejam assim também.  Escolas multifacetadas e treinadoras.
                                                                                                         Humberto Cosentine