O homem sem educação é impossível

 O ser humano precisa ser  muito bem educado desde o início por causa de nossa linguagem sofisticada, a qual permite que alguém modifique profundamente a percepção da realidade. Por exemplo, com a linguagem, uma pessoa pode construir a ideia de que um tipo de gente não é gente e portanto pode ser exterminado, friamente, como matamos baratas. A linguagem exige, portanto, que tenhamos uma educação complexa e científica para evitarmos essas monstruosidades.

O mal em mim e em você

 Agora está na moda firmar que algumas pessoas são más desde o nascimento e  incuráveis (psicopatas, sociopatas, narcisistas etc). E essa crença foi alimentada por psiquiatras famosos. Ora, só melhoramos na vida se percebemos e corrigimos mazelas em nós. Colocar todo o mal em alguns outros, como se fossem de outra espécie, nos aliena de nós mesmos, impedindo nossa contínua humanização. Qual será o próximo passo desses "cientistas"? Identificar já no berçário os maldosos irrecuperáveis e isolá-los desde então do convívio social? Ah, como é difícil encarar nossos próprios males!

Indivídual e social

 Você pode ser de direita, não tem problema nenhum. A pessoa de direita valoriza muito o poder pessoal. E você pode ser de esquerda (eu sou), sem problemas também. A pessoa de esquerda valoriza muito o poder social. Ora, qualquer reflexão ligeira nos leva à percepção de que esses dois poderes importam igualmente à vida humana. O que não cabe é reduzir a dinâmica humana a apenas um deles, incluindo a busca da eliminação física de quem se opõe a essa redução. Precisamos, tanto da potência criativa dos indivíduos  quanto das ações sociais que trabalham no sentido da justiça social. O fato é que pelo menos há cem anos misturamos produtivamente mercado (que se baseia na ação individual competitiva) e práticas socialistas (o que todos fazem para cada um - férias, saúde pública, aposentadoria, educação pública, renda básica etc). A Guerra Fria trabalhou no sentido de impor a exclusividade, ou do poder individual  (mundo capitalista) ou do poder social (mundo socialista), o que muito nos atrasou, pois precisamos obviamente dessa mistura. A quantidade exata de cada uma dessas partes não sabemos, daí a necessidade fundamental da política. 

Será que isso faz sentido?

Mais de nós.

 O problema do brasileiro é pensar que a solução é ser menos brasileiro.  Grave erro.  Cesar Lattes só detectou a subpartícula méson-pi quando, em uma ação típica do jeitinho brasileiro, alterou por conta própria a emulsão da chapa fotográfica. Quem ganhou o Nobel foi o chefe da equipe, mas isso é outra história.  Ganhamos cinco títulos mundiais no futebol jogando, ao menos em alguns momentos cruciais, de um modo que só o brasileiro sabe jogar. Quando atingimos musicalmente o mundo, foi com samba (Carmen Miranda) e Bossa Nova.  E o que dizer da arquitetura de Niemeyer? Segundo o próprio, ela é baseada nas curvas do Rio de Janeiro.

O caminho, portanto, é sermos mais brasileiros, não menos.

Jovens avoados!

 Jovens, arregalem os olhos, despenteiem os cabelos e marchem em direção à inovação!

Nós precisaremos cada vez mais de uma arquitetura adequada ao calor.  Precisamos acolher nosso povo negro e indígena.  Nossa engenharia pode produzir tanto carrinhos elétricos para uma pessoa só e trens movidos por levitação magnética, quanto criar equipamentos acessíveis para testes médicos.  Há que implementar escolinhas caprichadas em que se aprenda o conhecimento universal,  o autoconhecimento e a convivência. Precisamos colocar pequenos auditórios/bibliotecas com excelente acústica, em cada quarteirão, para que a cultura chegue a todos, em doses que façam efeito.  Necessitamos que a violência seja contida por meios de comunicação que não a propaguem, aliadas a uma polícia inteligente e firme, mas humana.  Que a saúde seja mantida por um sistema que incorpore de vez a psicologia e a psicossomática. Precisamos empreender a passagem da condição de trabalhador para a de cooperador.  

A vida pode ser linda sim. Arregalemos os olhos e despenteemos os cabelos.  Marchons! ⭐

Brasil para o mundo

 O que o Brasil, como um todo, conseguiu foi muito grande.  Só entenderemos isso por completo daqui a uns 50 anos.  Nós vencemos o nazismo, não apenas o fascismo, o nazismo mesmo.  E vencemos antes que eles realizassem a matança de milhões de brasileiros divergentes. Por muito pouco isso não ocorreu. Se não tivesse havido a pandemia, ou se o terrível presidente tivesse contido temporariamente seu gosto pela morte para permitir um adequado enfrentamento do vírus, talvez teria sido reeleito e então praticado as piores maldades que nem conseguimos imaginar. Aliado a isso, houve um correto embate dentro da legalidade, a partir das instituições. E vale um destaque para o heroísmo do Nordeste.  O governo vitorioso não é somente um governo de frente ampla, petista ou do Lula. É na verdade um governo para a humanidade.  Estamos fazendo história.