terça-feira, 25 de janeiro de 2022

A melhor parteira

 A música brasileira é linda.

Dentro de nós, mora o antigo, no pior sentido, o da resolução das coisas pelo confronto. E não pela ação artística, aquela que traduz a experiência ao  humano, este mistério que vibra incessante na história e em nós. Por isso a briga que se aprofunda, a troca de golpes. A música só não transformou o mundo definitivamente para melhor, ainda, porque não foi usada na dose certa. Antibióticos não fazem efeito se tomados esporadicamente, certo? Pois precisamos pensar assim para o efeito que a música pode nos trazer (vale para as outras artes também). Há que ela esteja presente todos os dias, maravilhosa, coletiva, para assim ajudar a revelar a promessa, boa e indizível, que profundamente se insinua no mais íntimo aqui.  Beleza que a todo momento está prestes a abrir-se majestosa. Para tanto, regiões inteiras deverão ser tomadas por conjuntos musicais que misturarão música e dança (como na Paulista aos domingos, mas maior e mais cotidiano), produzindo uma imersão deliciosa, linda, provocadora, inescapável, no que está sempre presente (e que pode nos salvar), mas falta nascer.

Lembrete: a música brasileira é parteira das boas.