terça-feira, 9 de abril de 2024

Escola da linguagem

 A linguagem complexa humana é tão poderosa porque pode representar o passado e o futuro. Em outras palavras, é poderosa porque pode representar processos, narrativas. Assim, ela pode representar com muita fidelidade a realidade, a vida. E isso permite a criação de versões da realidade bastante potentes , que podem rivalizar com a realidade mesma (o neurótico tende a achar que essas versões são a verdadeira realidade).  Esse é um problemão que só pode ser minimizado por uma educação linguística.

quinta-feira, 28 de março de 2024

O povo unido ...

 Acredito sinceramente que um bloco formado pela boa esquerda e pela boa direita terá o poder de impedir as recaídas humanas na barbárie. Mas para isso é preciso entender mais a fundo o que é esquerda e o que é direita, de um modo menos histórico, menos ideológico. Ser de esquerda é acreditar na força do aspecto social humano; e ser de direita, no aspecto individual humano. E os bons desses dois lados respeitam os direitos humanos. Essa gente junta tem o poder de barrar os horrores anti-humanos como o nazismo, o fascismo , o racismo etc. A visão rasteira dos dois lados, generaliza e brutaliza esses grupos, fazendo com que se vejam mutuamente como monolitos e inimigos a serem destruídos. E isso deixa uma brecha por onde penetram os monstros da barbárie.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Saidinha produtiva e segura.

 Embora eu seja humanista, acho a saidinha dos presos um tanto injusta para com a população. É certo que os presos precisam de confiança para se recuperar, mas colocar a população em risco não me parece correto. Por isso, proponho uma saidinha diferente. Eles iriam para uma espécie de cadeia acampamento, com divisão de tarefas, de modo que tudo que tivesse  que ser feito, inclusive a comida, seria feito por eles. Creio que assim eles teriam confiança, o aprendizado necessário para a boa convivência e a população ficaria segura. Não seria uma boa?

terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

O paraíso existe

 Acho que descobri que o paraíso existe. E quase sempre não percebemos sua presença. É que ele não tem nenhuma ligação com o tempo. Ele acontece quando estamos em paz e na companhia de pessoas que a gente ama. Não percebemos facilmente porque ele pode durar um tempo pequenininho, tão pequeno quanto se possa imaginar, infinitamente pequeno, infinitesimal. O paraíso não precisa ir ficando para existir e ser eterno. Senão seria um consumismo de paraíso, e ele não é nada material. Só acontece (e são inúmeras vezes!). Vocês o percebem assim também? 

É muito gostoso.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

O professor folgado

 O professor é um pensador, por isso precisa ser muito livre para pensar e expressar suas ideias. Claro que isso não inclui ficar incutindo-as na cabeça do aluno, pois é um educador, ou seja, quer que seus alunos aprendam a criar seus próprios pensamentos. Mas para tanto ele precisa de muita liberdade,  o que inclui ter bastante tempo livre. Por isso, mesmo escolas que remuneram bem, se sobrecarregam os docentes com tarefas burocráticas e mesmo pedagógicas, estão diminuindo a qualidade do trabalho deles.  O professor ideal, além de inteligente, preparado e gostar de ensinar, tem que parecer um pouco com alguém que não trabalha, exatamente a acusação que com frequência é feita a esse profissional.  Jesus diria, "tu o dizes". Freud diria "é um ato falho". Rs.

domingo, 28 de janeiro de 2024

O corpo do significado

 Em geral usamos as palavras como formiguinhas que carregam o significado. Mas isso camufla um fato incrível: o som e o formato físico delas participam do significado. Se eu escrevo "peermaaaneeeçoooo aqui", essa repetição de vogais fortalece a ideia de permanência. Ou se escolho entre morte e falecimento, certamente isso altera o significado da mensagem. Esse é um dos aspectos da função poética da linguagem. Filosoficamente, acho importante porque revela a alienação intelectual, ou seja, considerar que o significado existe sem a materialidade, como um mundo abstrato independente da vida concreta. Deveríamos pensar e usar mais essa integralidade poética em nossas expressões. Talvez melhore nossas vidas.       

terça-feira, 16 de janeiro de 2024

Nós e nós

 Depois de muitos anos de vida, experiências, reflexões, entendi ser preciso que os avançados respeitem o espaço dos conservadores, e  os conservadores  também respeitem o espaço  dos avançados. É necessário que os conservadores não tentem fazer os avançados serem como eles, e os avançados igualmente não tentem fazer os conservadores serem como eles.  

Esse é o único caminho para a paz.

segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

Um grande buraco

 Nossas vidas no fundo não podem deixar de ser tristes.  Isso porque somos o tempo todo estimulados a tentar ser mais que os outros para sermos felizes, enquanto na verdade o paraíso seria brincarmos muito e cada um cuidar de si e dos outros igualmente. A TV mostra essa distorção como potencialmente humana e feliz. Nunca foi, nunca será. É uma mentira permanente que cega e faz sofrer, inclusive quem "vence".

quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

Lula, líder brasileiro e mundial

 Infelizmente, com o pretexto da existência de  ameaças, começa a ser vendida a ideia de um quarto mandato do Lula. Por que infelizmente? Por algumas razões:  a sociedade é composta de vários segmentos políticos numericamente significativos, e mandatos sucessivos de um mesmo segmento os leva a perder a esperança de conquistar o poder pela via legítima das eleições, e isso se traduz em praticas danosas para o corpo social, como resistir irracionalmente a boas ações do governo constituído, emperrando o nosso desenvolvimento, como fizeram no segundo mandato de Dilma.

Outra coisa que pode ocorrer é um acostumamento inercial com o poder, o político acaba não realizando nada (segundo mandato de FHC).

Não quero ser confundido com alguém contrário à maravilhosa atuação na política nacional e mundial de Lula. Ele está sendo um bálsamo!  Mas precisamos ter a coragem de manter o sistema político funcionando bem. Por isso, proponho que outro bom líder represente a posição de esquerda/centro nas próximas eleições. A Constituição Cidadã continha esse acerto, o de impedir reeleições sequenciais. 

Eu também sinto medo do que pode acontecer. Porém uma panela sem tampa pode ferver, mas não explodir.

Por fim, claro, a política sempre deve prevalecer. Se a ameaça for monstruosa e não houver boas opções, apoiarei o quarto mandado de Lula com entusiasmo! 🙂

quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

Capitalismo + socialismo até um dia ...

 A polarização cega impede que vejamos o óbvio:   vivemos em um sociedade que mistura capitalismo com socialismo (escola pública, férias, aposentadoria, etc)  há mais de duzentos anos!!!  E essa cegueira impede que a evolução dessa parceria evolua mais rapidamente até o ponto de mutação em que um sistema muito mais humano se instalaria. 

Viver e não enxergar essa mistura não é um tipo de alienação?

domingo, 3 de dezembro de 2023

Vida que vai e vem ...

Às vezes eu penso umas outras coisas. Por exemplo, para surgir a vida, será que não foi necessário algum tipo de vai e vem, como o início de algum processo circular que, por alguma condição eletromagnética adquiriria autonomia ? Então um líquido deve ser condição necessária para esse processo, por que tudo neles fica indo pra lá e pra cá. (???)

Palavras velhas

 A grande derrota de nosso tempo e que está abrindo o mundo para a extrema-direita será  a perda da esperança nas palavras? É que até pouco tempo atrás, acreditamos que um bom discurso humanista e a conscientização da maioria poderia melhorar a sociedade. Mas há fortes indícios  de que isso não acontece, pois o poder concentrado e contrário a uma vida mais humana consegue vencer as boas palavras. Então, a parte mais agressiva da sociedade, que se liga fragilmente aos discursos da justiça social, afasta-se e passa a querer um mundo selvagem, em que só os mais fortes vencem. Estamos nesse ponto. Que a ciência nos ajude a formatar novas abordagens para estancar a derrota do humano.

Sim, política

 A política é para unir as pessoas. Calma, não para reduzi-las a um só pensamento, mas para tornar tolerável as diferenças em relação à vida social e permitir intensa e amorosa e divertida convivência em outros campos. Porque a política está em tudo, mas não é tudo. No entanto, totalitários de todos os naipes forçam nas pessoas a ideia de que não há mais nada na vida, além da política, quando na verdade há muito, muito mais. Enfim a política é linda e pode aproximar as pessoas em muitos aspectos da existência, mas desde que não reduza a vida humana a ela.

domingo, 8 de outubro de 2023

O medo da morte é o medo do novo

O medo da morte é o medo do novo, do desconhecido, não da morte mesma, pois dela não se sabe nada, a possibilidade de haver dor no processo, por exemplo,  não é ela ainda. Ela é o que absolutamente não se sabe. E é isso que possivelmente traz um temor muito forte. (O amor novo traz medo). Em priscas eras, o novo era basicamente a chegada mortífera do predador, e esse medo primevo pode estar impresso em nós de algum modo. Mas se for assim mesmo, um meio de diminuir essa angústia será fazer coisas novas e alegres, e gostosas, e não doloridas, para ressignificar o novo como algo bom (será que os reacionários, que não aceitam o novo, temem  também a morte?). Então talvez seja por isso  que viajar seja tão bom, que tomar susto de brincadeira cause um estranho alívio. E se tudo isso for verdade, fazer de vez em quando algo bem diferente pode diminuir o medo da morte, por exemplo, ir rastejando da sala para a cozinha, fazer caretas exageradas no espelho, levantar as mãos de repente enquanto andamos na rua (ninguém liga tanto), ouvir música de vanguarda. E assim, quem sabe, esse medo chato diminuirá. O medo do novo.

terça-feira, 3 de outubro de 2023

O lado "bonitinho" do fascismo.

 Tem uma parte do fascismo que não é notada, nem comentada, e é importante por parecer bonitinha. Em filmes da época do fascismo italiano ela é muito presente. Trata-se de uma convivência muito gostosa e divertida entre pessoas ricas e o povo pobre. Tudo é muito bom, harmonioso e passa uma ideia de que não há nada errado na forte desigualdade. A Sophia Loren fazia muito esse papel de uma pessoa pobre e bela (em filmes de entretenimento), que se relacionava de igual para igual, agradavelmente, com os mais ricos, e vice-versa. Essas imagens são fundamentais para passar a ideia de que a violência se justifica se alguém  atentar contra esse paraíso absoluto formado pela classe alta e a classe baixa irmanadas, felizes e perfeitamente separadas.