quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Para além de Marx ou O Brasil não é fácil, não.


Eu tenho uma teoria, que não posso comprovar. É a ideia de que existem dois Brasis, mas não o que se diz, um Brasil dos ricos e um Brasil dos pobres. Não, há dois Brasis completinhos, com pobres, ricos e remediados. Só que um nasceu dos engenhos bons e o outro nasceu dos engenhos maus. Os engenhos bons desenvolveram uma camaradagem - referida em Gilberto Freyre -, que percebemos até hoje em pessoas de todas as classes. E nos engenhos maus, em que os negros eram muito maltratados, torturados, queimados vivos, criou-se uma gente mais seca, violenta, sem empatia, que também está por aí até hoje. Pois bem, a elite desse Brasil mau promoveu entre os sécs. IXX e XX a chegada de europeus para embranquecerem o nosso povo e impedir a inclusão dos negros que saíram da escravidão, e boa parte dos brancos europeus dessa leva era racista. 


Ora, tudo isso define a luta política principal em nosso país, como uma luta étnica entre o povo dos engenhos maus, aliado à maior parte dos europeus embranquecedores, contra o povo camarada dos engenhos bons, aliado a uma parcela mais humanista dos europeus embranquecedores.


Se isso for um pouco verdade, o nosso embate vai além da tensão burguesia x proletariado. Trata-se também de uma complexa luta étnica.