domingo, 25 de setembro de 2011

Cem poemas bonitos do Brasil



6 - Canto Esponjoso

                       Carlos Drummond de Andrade

Bela
esta manhã ou outra possível,
esta vida ou outra invenção,
sem, na sombra, fantasmas.

Umidade de areia adere ao pé.
Engulo o mar, que me engole.
Valvas, curvos pensamentos, matizes da luz
azul 

     completa
sobre formas constituídas.

Bela
a passagem do corpo, sua fusão
no corpo geral do mundo.


Vontade de cantar. Mas tão absoluta
que me calo, repleto.

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